À 3ª foi de vez: Choveu… e foi épico!
Num domingo fértil, sob constante ameaça de chuva, a vontade dos nossos ciclistas em subir a grande rampa, transformou-se numa enorme coragem conjunta.
As bicicletas não ficaram estacionadas. Nem os ânimos inflamados de todos os que, desde a organização à assistência popular, vibraram naquela manhã apoteótica por cada ciclista que rasgava o escorregadio empedrado num misto de sacrifício e de alegria.
A Rampa de 2021 foi uma bela estreia após uma prolongada pausa de 67 anos. Em 2022 sentimos que a prova se impôs de pedra e cal na nossa vida. Em 2023, foi a prova viva, vívida e vivida de que o músculo comunitário ali exercitado em torno de uma prova de Ciclismo está forte e em crescendo. Um exemplo claro de que o todo é maior que a soma de todas as partes.
Mirantense FC e ADR “O Relâmpago” fundiram esforços pela 3ª vez e lançou-se, de novo, o Bairro para a rua e para a boca do mundo. Comércio local, moradores, colectividades, clubes desportivos, voluntários e uma massa humana cheia de coração ramificaram esforços essenciais nesta empreitada colectiva.
A “Rampa do Vale” fez-nos ver, mais do que nunca, que a vitalidade e capacidade de intervenção do associativismo é única, entrelaçado os Bairros, ali onde as pessoas vivem e muitas vezes trabalham, e que o movimento associativo também serve de ferramenta organizativa para encontrar soluções que a todos dizem respeito, ajudando – por exemplo – a promover o espirito colectivo e de entreajuda numa comunidade, funcionando assim como mais uma proteção contra o espectro cruel da especulação, que tanta gente tem expulsado de casa, dilacerando assim comunidades inteiras nestes últimos anos de voracidade imobiliária.
De rostos e anoráques molhados sentimos no final que a Rampa do Vale, com toda aquela torrente humana a descer a rua em direção à sede do Mirantense, vale sempre a pena.
Os corações batiam em uníssono, tão afinados quanto quando cantámos o nosso novo Hino.
A Rampa do Vale de Santo António é, também, uma Rampa de grande inspiração.
Pró ano há mais. Até lá.